Rua Olegário Maciel 1127 - Uberlândia MG
resultadoTourinho

O que é cruzamento industrial?

            O cruzamento industrial é definido como o cruzamento entre indivíduos de duas ou mais raças diferentes, com o objetivo de aumentar a eficiência na produção de carne e, consequentemente, a lucratividade. O acasalamento mais utilizado é entre as subespécies Bos taurus taurus e Bos taurus indicus (taurinos e zebuínos).

            O uso do cruzamento industrial no Brasil busca no grupo dos zebuínos, suas características de rusticidade, que proporcionam maior fertilidade, resistência e adaptabilidade ao ambiente em relação aos taurinos, onde se busca a complementaridade proporcionando características no geral, de maiores ganhos de peso, maior precocidade e um acabamento de carcaça superior, resultando em animais mais resistentes à realidade climática com desempenho superior (MOORE e THATCHER, 2006).

            Cada raça possui pontos fortes e fracos. O animal descendente do cruzamento destas raças deve combinar elevado potencial de produção da raça de clima temperado (taurina) com a adaptação da raça tropical (zebuína).

            O cruzamento entre raças visa a geração de heterose (vigor híbrido) para um grupo de características que sejam comercialmente importantes. A heterose possibilita um ganho adicional gratuito que permite que a produtividade dos animais cruzados (descendentes) supere a produtividade das raças bases.

            Entre as vantagens do cruzamento industrial estão: maior fertilidade; aumento da eficiência produtiva; ganhos com a heterose (vigor híbrido); maior habilidade materna; aceleração no ganho de peso; precocidade sexual e maior rentabilidade.

A raça Nelore é de extrema relevância para a pecuária brasileira

            Cerca de 80% dos bovinos do Brasil são animais da raça Nelore (zebuína) ou anelorados. A grande quantidade de animais desta raça, juntamente com todas as qualidades da mesma, como resistência ao calor, resistência contra parasitas, habilidade materna, facilidade no parto e produção de carne tornam o Nelore uma raça excelente para ser utilizada no clima brasileiro.

            Entretanto, existem algumas deficiências como baixa precocidade, qualidade da carne inferior e pouco aproveitamento de carcaça que podem ser melhoradas com a utilização de cruzamento industrial.

            Veja a seguir quais raças são mais cruzadas com fêmeas Nelore no Brasil: Angus, Bonsmara, Canchim, Caracu, Charolês, Limousin, Hereford, Senepol e Simental.

Raça Angus:

Os animais da raça Angus apresentam precocidade sexual, bom acabamento e crescimento. As fêmeas apresentam boa habilidade materna e facilidade ao parto. O temperamento do Angus é considerado ativo, porém, não são agressivos. Os animais Angus apresentam carne marmorizada e com boa cobertura de gordura (3 a 6 mm), conferindo sabor característico e boa maciez. Os animais da raça Angus não são considerados rústicos ou adaptados, portanto, um ponto a considerar é a necessidade da realização de inseminação artificial, visto que o touro Angus não é interessante para monta natural.

Raça Bonsmara:

A raça Bonsmara é a única raça bovina de corte do mundo criada por meio de um programa de cruzamentos bem documentado com a ajuda de dados de desempenho objetivamente gravados.

 Os animais da raça Bonsmara são taurinos adaptados ao clima tropical. Apresentam alta fertilidade, precocidade, alta libido, boa conversão alimentar, temperamento dócil (animais mais calmos ganham mais peso e são mais seguros no manejo), ótima qualidade de carne (com excelente marmoreio e cobertura de gordura) e alto rendimento de carcaça.

Como a raça Bonsmara é originária de raças não zebuínas [Africâner (Bos taurus africanus, Sanga), Shorthorn e Hereford (Bos taurus taurus)], produz no cruzamento com raças zebuínas (como a raça Nelore), 100% de heterose (heterose plena). Isto acarreta aproximadamente 20 a 25% de ganho nas características economicamente importantes, como o ganho de peso. Uma vantagem do touro Bonsmara é que o mesmo cobre a campo, realizando, portanto, monta natural. Além de ser ideal para repasse em programas de IATF.

Raça Chanchim:

A raça Canchim é fruto de um trabalho científico que visa viabilizar economicamente a obtenção de carne de melhor qualidade nas condições brasileiras. O touro Canchim, cobrindo a campo vacas aneloradas, produz novilhos precoces e cumpre a finalidade para o qual foi idealizado.

A junção do 3/8 Nelore e 5/8 Charolês fez do touro Canchim um touro adaptado para as condições climáticas do Brasil, touro com alta performance na monta a campo e ideal para repasse em programas de IATF. Contudo, como a raça possui composição zebuína (3/8 Nelore), não geram heterose plena quando cruzada com a raça Nelore. Somente raças 100% taurinas possibilitam a obtenção de heterose plena.

Raça Caracu:

            Os animais da raça Caracu possuem mais de quatro séculos de adaptação. Com isso, o Caracu reúne características como: rusticidade, adaptabilidade e resistência a parasitas.

            A partir de 1980, foi iniciado o projeto coordenado pela Associação Brasileira dos Criadores de Caracu em parceria com o Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, Embrapa Gado de Corte e Instituto Agronômico do Paraná. Este projeto fomentou um salto na seleção da raça, fazendo com que estes animais adaptados passassem a expressas características produtivas, como ganho de peso, precocidade e formação de carcaça, fazendo da raça uma opção para o cruzamento industrial.

Raça Charolês:

            A raça Charolês é originária da França, mais precisamente de Charolais e Brionais. A formação da linhagem brasileira, bastante utilizada no Centro-Oeste e Nordeste para cruzamento industrial com o Nelore, é resultante de três padrões distintos: o francês (com animais de maior massa muscular), o inglês (com gado mais alto, mais comprido, mais moderno) e o argentino (intermediário entre os dois tipos já citados). As principais características da raça são: rendimento de carcaça, puberdade fisiológica e zootécnica, adaptabilidade e funcionalidade.

Raça Senepol:

            Os animais da raça Senepol apresentam rápido crescimento, resistência ao calor, baixos índices de infestação por endo e ectoparasitas, alto desempenho reprodutivo e libido, carne macia e os touros cobrem a campo, sendo possível a realização de monta natural.

Raça Hereford:

A raça Hereford é originária do condado britânico de Herefordshire. É considerada uma das raças bovinas mais antigas do mundo, com indícios de sua existência desde 1562. Os animais da raça Hereford destacam-se pela precocidade, bom rendimento de carcaça e marmoreio da carne. Os novilhos apresentam rápida terminação, chegam aos 18 meses pesando em média 420 kg, prontos para o abate. As carcaças possuem bom rendimento, acabamento e deposição de gordura. A carne é saborosa, tenra, sem exagero de gordura. Os reprodutores Hereford são vigorosos, com alta libido e grande fertilidade, permanecendo produtivos no rebanho por vários anos.

Raça Limousin:

A raça Limousin é nativa da província de Lemosin, ou Limousin, no sudoeste da França. Apresenta como características a docilidade e fácil manejo, rusticidade, boa conversão alimentar, precocidade, alto rendimento da carcaça e cruzamento eficaz com matrizes zebuínas, como matrizes Nelore.

Raça Simental:

A raça Simental tem origem na Suíça, na montanhosa região do vale do rio Simen, de onde é derivado o seu nome. O Simental é uma raça de dupla aptidão, tanto na produção de carne como na produção de leite a raça tem se destacado, apresentando precocidade produtiva e reprodutiva, além da precocidade de crescimento.

Todas as raças apresentam alguma característica interessante. Porém, além de selecionar estas características, precisamos pensar no manejo da fazenda. Segundo o Zootecnista Alexandre Zadra, quando se trata de monta natural para o clima do Brasil, prefere-se as raças adaptadas, como o Bonsmara ou Senepol. Os animais da raça Angus e Hereford, por exemplo, apesar de possuírem características interessantes, é recomendada a inseminação artificial.

Escanear o código